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Pegada de carbono negativa – soa ótimo, mas o que significa realmente?

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Nos últimos anos, o conceito de “pegada de carbono” tornou-se um dos termos mais utilizados nas discussões sobre ecologia e desenvolvimento sustentável. As empresas fazem questão de destacar as suas ações em prol da proteção do clima, e nos rótulos dos produtos surgem cada vez mais promessas de redução das emissões de CO₂ — ou até slogans sobre uma “pegada de carbono negativa”.

O problema é que — tal como acontece com muitos termos da moda — soa bem, mas nem sempre significa o que parece. Neste artigo, vamos analisar mais de perto o que realmente significa “pegada de carbono negativa”, como é possível alcançá-la — e em que situações convém olhar para este conceito com cautela.

 

Índice
1. Introdução
2. O que é a pegada de carbono?
3. Pegada de carbono negativa – como é possível?
4. Como se alcança uma pegada de carbono negativa?
5. Conclusão
6. FAQ

 

O que é a pegada de carbono?

A pegada de carbono é a quantidade total de gases com efeito de estufa emitidos para a atmosfera em resultado da atividade humana — seja ao nível de uma pessoa, de uma empresa ou de um produto. Geralmente, é medida em toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO₂e), uma vez que o CO₂ é o gás mais comum e mais estudado entre os gases de efeito estufa.

Na prática, a pegada de carbono inclui tudo: desde a energia necessária para a produção e transporte até às emissões geradas durante a utilização e eliminação de um produto. Cada ação — conduzir um carro, enviar um pacote ou preparar uma chávena de café — deixa uma marca sob a forma de emissões de gases de efeito estufa.

Pode-se dizer, portanto, que a pegada de carbono é uma espécie de “balanço climático” da nossa atividade, que mostra o impacto que temos sobre a atmosfera e o aquecimento global.

 

Pegada de carbono negativa – como é possível?

Nos debates sobre o clima, surgem frequentemente dois termos: neutralidade de carbono e carbono negativo. Embora possam parecer semelhantes, o seu significado é essencialmente diferente.

  • A neutralidade de carbono (carbon neutrality) significa que uma empresa, processo ou produto emite a mesma quantidade de CO₂ que é compensada — por exemplo, através do plantio de árvores, de investimentos em energias renováveis ou da compra de créditos de carbono. No balanço final, o resultado é “zero”.

  • A pegada de carbono negativa (carbon negative) vai um passo além. Refere-se a situações em que um produto ou atividade absorve mais dióxido de carbono do que gera ao longo de todo o seu ciclo de vida. Não se trata apenas de evitar danos, mas de causar um impacto positivo — uma espécie de “reversão dos efeitos” das emissões.

Uma pegada de carbono negativa só pode ser alcançada quando o balanço entre emissões e absorção de CO₂, considerando todas as etapas (da produção à eliminação), é inferior a zero. É um fenómeno raro e exige soluções altamente eficientes — tanto tecnológicas como naturais.

O que significa que um produto “absorve mais do que emite”?

Quando dizemos que um produto “absorve mais do que emite”, queremos dizer que no processo de produção ou durante a sua existência, ele retém dióxido de carbono da atmosfera. Isso pode acontecer de duas formas:

  1. Naturalmente, através de processos biológicos como a fotossíntese. As plantas — incluindo as árvores de onde se extraem matérias-primas naturais — absorvem CO₂ para produzir oxigénio e biomassa. Um exemplo disso é a madeira, o bambu e, especialmente, a cortiça natural, que provém da casca do sobreiro e tem uma capacidade excecional de armazenar dióxido de carbono.

  2. Tecnicamente, através de soluções inovadoras que capturam CO₂ da atmosfera ou de processos industriais e o armazenam de forma permanente (por exemplo, em materiais de construção ou biocombustíveis).

Assim, se a quantidade total de dióxido de carbono absorvida for superior às emissões associadas à produção, transporte e eliminação — o produto pode ser considerado como tendo uma pegada de carbono negativa.

 

Como se alcança uma pegada de carbono negativa?

Cortiça natural – um exemplo prático

Um dos melhores exemplos de um material com pegada de carbono negativa é a cortiça natural. Embora seja mais conhecida pelas rolhas de garrafa, as suas propriedades ecológicas têm-lhe granjeado crescente reconhecimento na construção, no design e na indústria. A cortiça natural é uma matéria-prima totalmente natural, extraída da casca do sobreiro (Quercus suber), que cresce sobretudo em Portugal, Espanha e nos países da bacia do Mediterrâneo.

É precisamente o método de extração da cortiça natural que confere ao seu ciclo de vida um balanço de carbono excecionalmente positivo. Ao contrário da maioria das matérias-primas naturais, a colheita da cortiça não exige o abate das árvores — pelo contrário, estimula o seu crescimento e a sua capacidade de absorver CO₂.

Por que não é necessário cortar a árvore?

O sobreiro é uma árvore com uma notável capacidade de regeneração. A sua casca pode ser retirada manualmente a cada 9–12 anos, e após cada colheita volta a crescer por completo. A árvore não só não é danificada — como começa a produzir ainda mais casca e, nesse processo, absorve intensamente dióxido de carbono da atmosfera para compensar a perda da sua camada protetora.

Como resultado, o sobreiro entre colheitas pode absorver de 3 a 5 vezes mais CO₂ do que uma árvore cuja casca não foi removida. Estima-se que cada hectare de floresta de sobro possa fixar entre 10 e 15 toneladas de dióxido de carbono por ano — o equivalente às emissões geradas por um automóvel particular ao percorrer entre 80 e 100 mil quilómetros.

Quanto CO₂ absorve uma floresta de sobro?

Segundo estudos realizados, entre outros, pelo instituto português APCOR (Associação Portuguesa da Cortiça), as florestas de sobro em todo o mundo absorvem cerca de 14 milhões de toneladas de CO₂ por ano. É um valor impressionante, considerando que estas florestas representam apenas uma pequena fração das florestas mundiais.

Além disso, os próprios produtos de cortiça natural — como rolhas, placas de isolamento ou elementos decorativos — retêm carbono durante toda a sua vida útil, e até mais tempo, caso sejam reciclados. Assim, a cortiça natural atua como um reservatório natural de dióxido de carbono.

Cortiça natural como matéria-prima renovável e reciclável

A cortiça natural não é apenas um material com pegada de carbono negativa, mas também um exemplo exemplar de economia circular.

  • Renovável — porque a árvore regenera-se sem necessidade de abate, fornecendo uma fonte contínua de matéria-prima durante décadas.

  • Biodegradável — após o uso, a cortiça natural decompõe-se naturalmente sem poluir o meio ambiente.

  • Reciclável — pode ser transformada novamente em granulado, a partir do qual se produzem placas, bases para pavimentos e até componentes automóveis ou desportivos.

 

Conclusão

O conceito de “pegada de carbono negativa” soa promissor — e de facto pode representar uma mudança real na direção da proteção climática. No entanto, na prática, nem todas as utilizações deste termo têm o mesmo significado.

Uma pegada de carbono negativa ocorre quando um produto ou processo absorve mais dióxido de carbono do que emite ao longo de todo o seu ciclo de vida. É um objetivo ambicioso, alcançável principalmente através de soluções naturais (como no caso da cortiça natural) ou tecnologias inovadoras que fixam o CO₂ durante muitos anos.

Ao mesmo tempo, é importante manter um saudável ceticismo em relação às declarações de marketing. Nem todas as empresas que falam em neutralidade ou “carbono negativo” realmente o alcançam. O essencial é a transparência, a credibilidade dos dados e uma análise completa do ciclo de vida do produto. A história da cortiça natural mostra, contudo, que o desenvolvimento sustentável é possível sem compromissos — basta compreender e aproveitar a sabedoria da natureza. Se projetarmos produtos e processos baseados em princípios como renovabilidade, durabilidade e responsabilidade total pelas emissões, poderemos não só reduzir os danos, mas também começar a reverter os efeitos das mudanças climáticas.

 

FAQ

1. A cortiça natural realmente absorve CO₂?

Sim. O sobreiro, de onde se extrai a cortiça natural, absorve grandes quantidades de dióxido de carbono durante a regeneração da casca — até várias vezes mais do que árvores cuja casca não é removida. As florestas de sobro em todo o mundo fixam cerca de 14 milhões de toneladas de CO₂ por ano, e os próprios produtos de cortiça natural retêm carbono durante toda a sua vida útil.

2. O mundo pode tornar-se “negativo em carbono”?

Teoricamente, sim — mas isso exigiria uma transformação global: a transição para fontes de energia renováveis, o avanço das tecnologias de captura de CO₂ e a ampla proteção e restauração dos ecossistemas. Não acontecerá de um dia para o outro, mas cada passo em direção à redução real das emissões conta.

3. Qual é a diferença entre pegada de carbono neutra e negativa?

Um produto neutro em carbono tem balanço zero de emissões — ou seja, as emissões de CO₂ são compensadas por ações equivalentes, como o plantio de árvores. Já um produto com pegada de carbono negativa vai além — não apenas não emite CO₂ líquido, mas também remove-o da atmosfera, tornando-se um agente de mudança climática positiva.


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