As principais diferenças estão na cor, nas propriedades e no método de produção. A maioria dos produtos de cortiça que conhece – como bases para copos, quadros de avisos ou pavimentos – é feita de cortiça aglomerada. Este material é produzido ao unir pequenos grânulos de cortiça com um adesivo.
A cortiça expandida, por outro lado, é produzida de forma diferente – é um material 100% natural em que os grânulos se unem sozinhos graças a uma resina natural chamada suberina, libertada durante o aquecimento. O resultado é uma cor escura e uma textura porosa característica.
A cortiça aglomerada é mais leve e suave, sendo por isso utilizada em produtos decorativos ou práticos, como pavimentos, revestimentos de parede ou quadros de avisos. A cortiça expandida, no entanto, é ideal para isolamento térmico e acústico, especialmente em edifícios ecológicos e passivos.
A produção de cortiça expandida é semelhante à preparação de pipocas – mas em vez de grãos de milho, utilizam-se grânulos da casca do sobreiro. Dentro de um molde especial e sob alta temperatura, os grânulos começam a expandir-se, escurecem e unem-se através da sua própria resina natural, chamada suberina.
Não são necessários colas nem aditivos – o processo ocorre de forma totalmente natural. O resultado é uma cortiça escura com textura porosa e excelentes propriedades isolantes.
A cortiça expandida é composta por milhões de poros microscópicos que retêm o ar. Essas pequenas bolsas de ar ajudam a manter os interiores mais quentes no inverno e mais frescos no verão. Juntas, funcionam como um amortecedor térmico natural, mantendo uma temperatura estável e confortável ao longo do ano. Na prática, isso significa menor consumo de energia – não é necessário aumentar o aquecimento no inverno nem recorrer a ventiladores ou ar condicionado nos dias quentes. Esses mesmos microporos oferecem outra vantagem – são excelentes a absorver o som. Reduzem o ruído e o eco, tornando a sua casa mais tranquila e confortável.
Em termos de isolamento térmico, a cortiça apresenta um desempenho comparável aos materiais de construção mais comuns. O seu coeficiente de condutividade térmica (λ) situa-se entre 0,036–0,040 W/mK, oferecendo uma eficiência semelhante à do poliestireno ou da lã mineral. No entanto, ao contrário desses materiais, a cortiça é resistente à humidade, bolor, fungos e insetos. Não se deforma nem perde as suas propriedades isolantes com o tempo, tornando-se uma solução mais duradoura e de longa duração.
Além disso, a cortiça é um material seguro. É hipoalergénica e não irritante, o que a torna ideal para espaços utilizados por pessoas com alergias. Quando exposta ao fogo, não derrete nem goteja – carboniza sem libertar fumos tóxicos. Assim, não propaga chamas e ajuda a reduzir o risco de incêndio.
A cortiça expandida é composta apenas por grânulos de cortiça e pela resina natural que contêm. Não possui aglutinantes sintéticos nem aditivos tóxicos. Quando exposta a altas temperaturas, os grânulos fundem-se numa estrutura compacta sem o uso de produtos químicos. Assim, a cortiça é segura para as pessoas, os animais e o meio ambiente. Após muitos anos de utilização, pode ser reciclada ou deixada decompor-se naturalmente, pois não representa ameaça ao ecossistema.
O processo de extração da cortiça também é totalmente sustentável. O material provém da casca do sobreiro, que não precisa ser cortado para a colheita. A casca regenera-se naturalmente a cada 9–12 anos, e uma única árvore pode fornecer matéria-prima por mais de 150 anos. É um ciclo que se encaixa perfeitamente nos princípios da economia circular.
Além disso, a cortiça expandida tem uma pegada de carbono negativa – absorve mais CO₂ do que o emitido durante a sua produção. Numa época em que a maioria dos materiais de construção sobrecarrega o meio ambiente, a cortiça prova que é possível construir de forma moderna e responsável.